terça-feira, 11 de setembro de 2012

ASPECTOS ESPIRITUAIS E CIENTÍFICOS DA DEPRESSÃO NOS MÉDIUNS

 

1. Há alguma semelhança entre a depressão e a mediunidade atormentada?

Antes de mais nada é preciso que se defina o que seja depressão e o que se 
entender por mediunidade atormentada. Sem esse entendimento estaremos 
nos referindo a conceituações leigas, não necessariamente dentro dos 
aspectos que um estudo como esse pretende.


A expressão depressão encontra-se em voga na atualidade, usando-a não 
só no seu sentido verdadeiro, como também, no aspecto de stress ou mesmo 
no de esconder a verdadeira sintomatologia do indivíduo (alcoolismo, 
viciações, distúrbios de personalidade, etc.).


Leigamente, depressão significa tristeza, qualquer sentimento associado a contrariedade. No sentido patológico, o seu significado é mais amplo e suas 
nuanças das mais variadas. Depressão é um estado psíquico onde a criatura apresenta-se triste, sem interesse para as coisas que antes realizava ou 
buscava, além de falta de energia. 

Geralmente, ela é acompanhada de falta de apetite, insônia, perda do interesse 
sexual e da capacidade de trabalho. Nas suas formas mais graves, associa-se 
a um sentimento de ruína, um desejo de morte e até de auto-extermínio, 
chegando, nas melancolias involutivas, ao desinteresse tão grande da vida 
associado com conteúdos delirantes, que a criatura passa a acreditar ter partes 
do corpo mortas ou que ele próprio já morreu, passando o organismo a não 
absorver os nutrientes a ele oferecido. 

Algumas vezes, a depressão pode se apresentar mascarada, ocultando o 
sentimento de tristeza, deixando como forma de expressão a ansiedade ou 
diversos sintomas psicossomáticos, dando a impressão de uma verdadeira 
doença orgânica.


Esses processos depressivos podem ter as causas mais variadas, desde os distúrbios neuroquímicos, passando por patologias orgânicas e situações traumáticas, até as questões espirituais, em especial, as obsessivas.


Do ponto de vista espiritual, na sua condição mais íntima, o deprimido é uma 
criatura rebelde, ele não aceita os limites que a vida lhe impõe, recusa-se a 
aceitar suas provas e posiciona-se contra a divindade ao ver seus desejos ou vontades negados “pela vida”. Prefere morrer psiquicamente (apatia e a 
hipobulia) ou fisicamente( auto-extermínio ou o suicídio indireto)a viver 
conforme a Lei.


A expressão mediunidade atormentada leva-nos a pensar em diversas 
situações, nas quais a criatura portadora da faculdade mediúnica vê-se em 
sofrimento com a manifestação da mesma. 

Pode ocorrer nos médiuns iniciantes, onde a mediunidade de prova ou 
expiação carreia energias espirituais mais difíceis, oriundas de outras 
vivências da criatura. Surge, também, naqueles que recusam-se ao exercício 
da mesma por rebeldia ou preconceito; nos que trazem sua mediunidade 
vinculada a processos espirituais de ódio e vingança, com presença de 
entidades obsessoras; nas mediunidades associadas a patologias mentais, propiciando campo para as entidades sofredoras e zombeteiras; e nos casos 
em que o sensitivo abandone o seu trabalho de intercâmbio sem motivos justos, 
para seu bel prazer, onde a culpa, o compromisso assumido e a retenção dessas energias associadas a processos obsessivos provocarão as manifestações tormentosas.


Dentro desse leque de opções, tanto no sentido da depressão quanto no caso 
da mediunidade atormentada, poderemos encontrar vários pontos de intercessão entre a mediunidade conturbada e os processos depressivos. Necessariamente, estes últimos não têm que ser acompanhados da primeira, mas a mediunidade atormentada sempre apresentará aspectos depressivos.


Na presença de sintomatologia que identifique a depressão é importante que se procure um especialista que possa diferenciar os dois processos, introduzindo medicamentos e terapêuticas quando necessárias ou orientando para casa 
espírita e os tratamentos que se façam imprescindíveis ou, ainda, associando-
os quando preciso.


No caso dos médiuns que se recusam a exercer sua faculdade mediúnica, 
numa expressão clara de rebeldia, provavelmente o processo depressivo 
estará presente ou se instalará, devido a postura rebelde da individualidade.
2. Por que os médiuns , quase em sua generalidade , apresentam distúrbios 
afetivos ?

Novamente, é preciso definirmos o que seja distúrbios afetivos, pois esse é 
um termo clínico, aceito nos meios acadêmicos, que identifica os quadros psicopatológicos caracterizados pela presença de alterações de humor desde 
os processos depressivos até os de mania (onde a criatura encontra-se em 
estado doentio de euforia) ou na presença de ambos intercalados ou simultâneos.Dentro desse ponto de vista, não é verdadeiro que os médiuns, 
em sua generalidade, sejam portadores de distúrbios afetivos.


Na realidade, a grande maioria dos médiuns são criaturas em processo de 
retomada da caminhada evolutiva, individualidades que se apresentam comprometidas com as leis morais, portadores de sérios distúrbios na área 
das emoções e dos sentimentos, tornando-os indivíduos afetivamente desequilibrados.


Esse desequilíbrio pode ser explicado, por outro lado, pela própria faculdade mediúnica, onde o intercâmbio vibracional sendo mais ostensivo provoca 
graves distorções nas manifestações afetivas dessas criaturas. Muitas das 
chamadas alterações de humor seriam de outros espíritos, que ao se 
vincularem àquele médium, fariam-no exteriorizar sentimentos não necessa-
riamente presentes no seu campo psíquico, naquele momento.


Outro fator, merecedor de estudos mais profundos, seria a condição de 
organicidade da mediunidade. Certamente, existem estruturas, mediadores 
e mecanismos cerebrais, ainda pouco conhecidos por nós, dirigidos pelos 
centros vitais do perispírito, que interfeririam na condição emocional dos 
médiuns facilitando esses desequilíbrios.


O cérebro é “simples” computador que, estimulado eletroquimicamente, 
decodifica esses sinais, dando a consciência dos mais diversos fenômenos, sensações e sentimentos, que a criatura encarnada possa apresentar. 
Assim, para que o médium possa decodificar e expressar conscientemente 
as impressões recolhidas, durante o intercâmbio mediúnico, provavelmente, 
é necessário que sejam manipulados os canais cerebrais identificadores 
dessas mesmas vivências. 

Ou seja, é bem provável, que o mecanismo mediúnico envolva os mesmos mediadores químicos responsáveis pela depressão, quando da presença de 
um espírito deprimido, no campo de comunicação do medianeiro.


Esse mecanismo facilitaria alguns tipos de desequilíbrios emocionais para o sensitivo, no entanto, a presença da predisposição íntima para essas mesmas vivências só fará agravar as influenciações e os processos psíquicos doentios 
do médium serão de maior intensidade.

3. Os portadores de mediunidade apresentam um campo mental e cerebral 
propício às depressões? Por que?

Essa pergunta, dentro dos conhecimentos que possuímos não pode ser 
respondida claramente, já que sâo ainda desconhecidos os campos mentais e cerebrais dos médiuns. 

Entretanto, dentro do bom senso de que a mediunidade é uma faculdade neutra, 
não responsável pelos quadros psicopatológicos instalados nos médiuns, 
quando da ausência de obsessão, como afirma-nos Kardec em O Livro dos 
Médiuns, podemos verificar na prática dos consultórios psiquiátricos e dos 
centros espíritas, que nos é permitido ponderar que a faculdade mediúnica não predisponha ao ser viver essas formas doentias de sentir só por sua presença. 

4. Existem medicações anti-depressivas que atuam no psiquismo mediúnico neutralizando-o ou excitando-o? Pode citar exemplos? Qual influência tem o Lítio 
no psiquismo mediúnico?


Dentro das informações mais objetivas acerca da ação dos psicotrópicos no 
aparelho mediúnico, não temos nenhuma orientação específica sobre os anti-depressivos.


Na realidade, temos relatos de alguns espíritos sobre a ação de tranqüilizantes 
nos canais mediúnicos. Afirmando-nos alguns orientadores que os tranqüilizantes maiores, usados para o tratamento das psicoses, tais como o haloperidol, a clorpromazina, a tioridazina, são capazes de bloquearem os canais mediúnicos, reduzindo a possibilidade da ação dos espíritos obsessores.


Por outro lado, os tranqüilizantes originados dos benzodiazepínicos, além de diminuírem o grau de consciência da criatura, abririam aqueles canais, deixando 
os usuários desses produtos à mercê dos seus inimigos espirituais e até de influenciações outras de caráter medianímico.


Tais informações merecem nossa consideração, apesar de não termos ainda a confirmação através do “controle universal dos ensinamentos dos espíritos” 
ou de pesquisas bem orientadas. Na prática, parece-nos serem lógicas e 
confiáveis.


Os anti-depressivos são medicamentos que excitam a individualidade, 
predispondo-a a participar mais ativamente da própria vida; esse mecanismo excitatório poderia ser facilitador do processo mediúnico. Esse pensamento, 
porém, é parte de nossas reflexões, ficando para outros observadores 
levantarem informações mais precisas.


Quanto ao lítio, ele não é um psicotrópico propriamente dito, é um sal que foi descoberto estar em menor quantidade no organismo dos portadores de 
depressão, mas muito mais nos casos de mania e nos transtornos bipolares 
do humor. 

Por si mesmo não tem ação excitatória ou depressiva sobre a criatura, partici-
pando da estrutura de neuro-transmissão. Mesmo no campo médico, as infor-
mações sobre as ações do lítio no mecanismo do controle do humor ainda 
carecem de comprovações e melhor compreensão, o que nos leva a ver a precariedade de qualquer avaliação sobre essa substância em relação a mediunidade.

5. Um médium em crise depressiva aguda deve afastar-se do exercício 
mediúnico? Em caso afirmativo: por que? E por quanto tempo?
Como dissemos em outras respostas, existem depressões e depressões, 
ou seja, graus dos mais variados, precisando que seja feito um diagnóstico 
claro do quadro para uma posterior orientação ao médium. Para isso, é 
necessário procure-se um profissional da área, conhecedor da Doutrina 
Espírita, capaz de orientar em ambos os sentidos.


Nos seus graus mais simples, nos processos reativos, quando a criatura 
apresenta sintomas depressivos por problemáticas do cotidiano, sem ter a 
perda da capacidade de raciocínio e de trabalho, onde a depressão não 
impede as atividades diárias, acreditamos não haja necessidade de um 
afastamento do trabalho mediúnico.


Nos quadros agudos, onde ocorre uma desvitalização do medianeiro, com 
perda parcial ou total e temporária de sua condição “normal”, seria intere-
ssante um afastamento pelo menos por igual período do comprometimento, 
para evitar o desgaste psíquico e energético do mesmo, não o afastando, 
porém, de atividades doutrinárias outras capazes de auxiliá-lo em sua 
recuperação, como reuniões de estudos, utilização da fluidoterapia e 
atividades assistênciais.


Nos quadros mais graves, em especial, naqueles com presença de 
sintomas psicóticos é totalmente contra-indicada a participação em 
reunião de intercâmbio mediúnico. 

Se o doente já freqüentava a atividade deve ser afastado, mantendo-se em 
tratamento a distância, somente retornando em quadro de franca recuperação 
e por orientação de profissional espírita e dos orientadores dessas reuniões. 

Os pacientes que precisam manter-se no uso de anti-psicóticos por tempo indeterminado e cuja sintomatologia comprometa sua condição orgânica e 
mental, devem ser orientados a procurarem outro tipo de atividade 
doutrinária mais condizente com a sua situação atual.


É importante frisarmos que as reuniões de intercâmbio deveriam servir para 
a assistência aos desencarnados e não para o atendimento aos encarnados. 
A equipe mediúnica deve ser como uma equipe médica, na terra, afinada em 
seus propósitos e capacitada para o atendimento. O desequilíbrio de um dos 
seus participantes pode perturbar todo o grupo, afastando-o do seu real objetivo.


Um fato que precisa de reflexão, por parte da comunidade espírita, é sobre a dificuldade que os espiritistas, em sua maioria, têm de aceitarem procurar um psiquiatra ou psicólogo,qdo diante de uma problemática no campo emocional. 

É claro, que existe um grande preconceito por parte da própria pessoa, mas, 
também, pelos companheiros de Casa Espírita, embasado num orgulho e 
vaidade, que não são condizentes com a nossa necessidade de reforma 
íntima. Esse tipo de ação só dificulta a recuperação da criatura.


A mediunidade não é panacéia. Vemos muitos dirigentes e espíritas indicarem 
o desenvolvimento mediúnico para qualquer um, por qualquer problema, como 
se o contato com as entidades espirituais fosse suficiente para terminar com 
todas as nossas mazelas.


Essa atitude (muitas vezes, cheia de melhor intenção) é por si só perigosa, 
quando não leviana, sendo a causadora de muitas das agressões que são 
dirigidas ao Espiritismo, fruto do pouco estudo e reflexão sobre tema tão 
importante dentro do Movimento Espírita.

6. A obsessão pode causar ou agravar um caso de depressão? 
Como se dá a atuação dos obsessores em nível dos neurotransmissores?

Sim. Os processos obsessivos podem causar e agravar os quadros 
depressivos.


Talvez, fosse mais interessante que substituíssemos a palavra causar por 
induzir, já que toda obsessão começa no campo mental da criatura, que por 
culpa ou invigilância, predispõem-se a ação maléfica de entidades espirituais sofredoras.


Como afirma-nos o orientador Joseph Gleber, no livro “O Homem Sadio – 
Uma Nova Visão”, obsessão não é causa é efeito.


No caso em que as criaturas apresentam-se em franco quadro de depressão, podemos afirmar que o campo mental é propiciador para os processos 
obsessivos, estando, provavelmente, a criatura sob a ação de um ou mais 
entidades obsessoras.


Quanto a ação de entidades espirituais à nível de neurotransmissores, ela deve ocorrer sempre, por ação indireta, como falávamos em outra questão, e estar presente, por atuação consciente, quando da presença de entidades do mundo inferior de profundo conhecimento do assunto. Seriam cientistas do astral inferior, 
a atuarem por estímulos eletroquímicos nos sistemas cerebrais específicos, que controlam o humor, bloqueando ou estimulando a produção de determinadas substâncias, ou seja, os neurotransmissores.

7. Se um desencarnado estiver em depressão , o médium poderá assimilar esse quadro?


Certamente. E essa assimilação terá uma relação direta com o grau de relacio-
namento e sintonia entre encarnado e desencarnado. Sendo assim, a presença 
de culpa, a predisposição orgânica e mental, a sensibilidade mediúnica e a invigilância, nas ações do cotidiano, serão elementos determinadores dessa assimilação.


Essa ação espiritual poderá ser temporária ou crônica, de conformidade com o estado de sintonia do médium.


8. A oração tem uma ação profilática sobre os neurotransmissores cerebrais?

Do ponto de vista do conhecimento científico, do mecanismo de ação da prece 
nos neurotransmissores não temos informações claras, q pudessem responder 
de forma mais objetiva a pergunta que nos foi proposta. 

Entretanto, recordando-nos do Mestre Jesus, ao afirmar-nos que “tudo que 
pedirmos em oração, ser-nos-á dado”, acreditamos que o estado vibratório 
oriundo de uma prece sentida, em toda a sua expressão, é capaz de movimentar estruturas e mecanismos, em nosso organismo, levando-nos aos estados mais sadios, de nossa condição evolutiva. 

9. O exercício mediúnico correto é fator de equilíbrio nas depressões? Por quê?


Como dissemos anteriormente, não acreditamos que o exercício mediúnico 
deva ser usado como forma de tratamento para as criaturas que estejam 
passando pelos processos depressivos mais sérios. No entanto, o exercício 
correto da mediunidade com Jesus é instrumento profilático para nossa mente, diminuindo nossa propensão aos processos patológicos de toda monta ou proporcionando-nos melhores condições de enfrentarmos nossas provas.


A mediunidade equilibrada oferece ensinamentos vários aos portadores dessa faculdade, entre esses, o do contato com a dor do outro, q entendida e auxiliada, criará para nós uma aura de harmonia e saúde.

O médium, ao assumir espontaneamente o seu trabalho, foge de suas atitudes pretéritas de rebeldia e egoísmo, e assim, afasta-se das causas espirituais da depressão.


10. O tratamento da depressão pode ser feito somente utilizando-se da 
terapêutica espírita dos passes e água fluida , dispensando o 
tratamento médico?

O homem é um ser integral, uma entidade triunitária, composta de espírito, 
perispírito e corpo físico; necessita, portanto, de um tratamento que o atenda 
em todos os seguimentos do seu ser. Da mesma forma que ocorre uma lacuna 
na assistência quando o facultativo materialista se atêm ao atendimento do 
corpo físico, o espírita q ñ cuida do seu instrumento orgânico deixa por desejar.

A busca de assistência espiritual ostensiva, quando a medicina terrestre já 
possui formas de assistência positivas, é uma maneira de ocupar os espíritos superiores, com tarefas para as quais já estariam dispensados, ocupando-lhes 
uma fração de tempo, que poderia ser utilizada em trabalhos, que só eles podem realizar.


Por outro lado, a não utilização das orientações espirituais, nos casos de 
doenças para as quais a medicina ainda não tem tratamento ou que não 
encontramos solução adequada, é sinal de falta de fé ou da presença de 
orgulho. E tanto uma como a outra situação exige-nos ponderação e 
mudança íntima.


Entrevista concedida ao Departamento de Orientação da Mediunidade da 
União Espírita Mineira pelo médico Roberto Lúcio Vieira de Souza







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